quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

O Espírito Camilo, pela pena mediúnica de Raul Teixeira, toma do poema e o analisa, verso a verso, oferecendo-nos ilações preciosas para nossas próprias vidas. O resultado é a extraordinária obra A carta magna da paz, publicada em 2002, pela editora Fráter.







A CARTA MAGNA DA PAZ 

Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou, mas não vo-la dou como a dá o mundo. A nota se encontra no Evangelho de João, 14:27, que também registrou que Jesus enunciou: Digo-vos essas coisas para que tenhais paz em mim (João, 16:33). Por Sua mansuetude, pelo convite ao amor, por ser o artífice da não-violência, convidando-nos a oferecer a outra face, a dar dois mil passos a quem nos pedir para darmos mil, a ofertar a túnica a quem nos leva a capa, Jesus foi chamado de Príncipe da Paz.
Ele mesmo teve Seu nascimento anunciado por um coro de celestes mensageiros que expressaram Glória a Deus nas Alturas, paz na Terra, boa vontade para com os homens!
Escoar-se-iam os séculos e o próprio Evangelista João retornaria ao cenário terrestre, em outras vestes. Aportou na Itália e tomou o nome de João, novamente, João Bernardone, ao quase agonizar do século XII.
Por que passaria a ser chamado Francesco não se sabe muito bem. Alguns afirmam que seu pai assim desejou homenagear a França, que admirava. Outros dizem que passaram a chamá-lo Francesco, o francês, em virtude do jovem gostar de se expressar em francês quando queria ser gentil ou se exprimir poeticamente. De toda forma, o mundo logo o conheceria simplesmente como Francisco, de Assis.
Francesco era compositor e escreveu belas canções. Ao colocar-se a serviço do Mestre de Nazaré, tornou-se o Cantor de Deus. Em uma de suas mais belas composições, escreveu: Senhor, faze-me um instrumento da tua paz.
Trata-se de uma oração, em que se desdobram rogativas corajosas e estelares, desvelando a pujança das acrisoladas virtudes do Pobrezinho, virtudes que marcariam sua existência até os momentos finais de sua vida terrena.
O Espírito Camilo, pela pena mediúnica de Raul Teixeira, toma do poema e o analisa, verso a verso, oferecendo-nos ilações preciosas para nossas próprias vidas. O resultado é a extraordinária obra A carta magna da paz, publicada em 2002, pela editora Fráter.
O livro inicia com homenagem do Espírito Ivan de Albuquerque, pela mesma mediunidade de Raul, que denomina Francisco de Homem-Paz.
Nesses dias, em que tanto se ouve falar de violência, nada mais oportuno do que se meditar a respeito da paz, que não pode ser imposta, nem comprada por preço algum. A paz é a conquista de quem se ajusta às leis da consciência, às leis de Deus, apesar de todas as dificuldades, lutas e desafios.
Desfilam, nos vinte e dois capítulos, reflexões sobre a violência e a criminalidade no mundo, sobre as guerras, o ódio contra si mesmo, o perdão e o autoperdão, a busca da verdadeira alegria, a força imponente do amor.
É um livro para ser lido, capítulo a capítulo, com vagar, indagando-se o que deve ser mudado em nossa conduta para nossa própria felicidade e para que colaboremos com a nova ordem que se implanta na Terra, a pouco e pouco: a ordem do Bem e da Paz.
Nesses tempos de transição, nada como lembrar que não há quem não aprecie a estação da primavera, que faz explodir cores e aromas nas corolas das  flores, transformando em jardins os prados, as florestas, todos os vergéis. Contudo, até que chegue nova primavera, torna-se necessário treinar a espera ao longo das quadras do verão, do outono e do inverno.
Sem desespero, com esperança.
Lendo a obra, um Francisco diferente se nos descortina. Um Francisco que foi um homem do seu tempo. Um jovem que se envolveu em movimentos de ocupação, como foi o caso da Roca de Assis. Um jovem que tinha o sonho de se tornar cavaleiro, que se envolveu no movimento das cruzadas, que atuou em guerras locais como a ocorrida entre Perúsia e Assis. Um homem perfeitamente entrosado nos movimentos culturais e espirituais de seu tempo.
Um homem que, num dos seus momentos de rara beleza, com a alma extasiada, tocado por inabordável sentimento de gratidão ao Criador, escreveu de próprio punho que Deus é a paz.
Um Francisco que procurou viver sob a direção psíquica de Jesus Cristo. Esmerou-se nos empenhos por um mundo melhor, por meio da construção de criaturas melhores, mais conscientes dos próprios compromissos e entusiasmadas pela vida.
Um homem que teve muitos seguidores à sua época e através dos anos. Por isso, belíssimo é o capítulo quinto, Os amigos de Francisco, em que desfilam nomes de várias nacionalidades e de diversas épocas. Amigos que viveram conforme os preceitos do Homem de Assis, sendo citado, do Brasil,  Frei Francisco Sampaio, um dos mais brilhantes oradores sacros do país, pregador da Capela Imperial, que demonstrou como pode o homem religioso, o homem de fé, tornar-se útil à sua comunidade, ao seu país, a sua religião, sem perder-se, sem fanatizar-se, sem prostituir-se na hipocrisia.
Atuou na política brasileira, chegando a ser destacado para exaltar os mortos que tombaram na Bahia, sob as tropas do general Madeira, dentre os quais estava a heroica Abadessa do Convento da Lapa, a concepcionista-franciscana Joana Angélica.
Na apresentação do livro, o autor espiritual anuncia:
Agora, auroresce!
Ajamos no amor e bem e aguardemos a germinação da paz.
E diz que dedica esse singelo preito ao amor e à paz aos amigos que, na incansável busca do autoconhecimento, sentem-se reptados a instaurar o regime de paz na recâmara do coração, a fim de imprimir o sinal de utilidade e de nobreza a sua passagem pelo mundo.
Deseja, por fim, que com essas linhas, que visam ressuscitar os cânticos da Galileia, bucólica e enternecedora, e de Assis, virente e encantadora, possam as almas sensíveis entusiasmar-se por somar esforços pela paz, trabalhando sem deixar-se esmorecer, servindo sem aguardar retribuição e amando mais do que desejam ser amadas.
Nestes dias de Ano Novo, iniciemos nossa adesão à Paz, permitindo-nos profundas reflexões em torno da salutar leitura.

Malena, em 3.12.2012.

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